A discussão se videogame é arte ou não é velha e, até certo ponto, infrutífera – essa dificuldade e falta de unanimidade só reforçam que sim.
Mas este texto não é sobre se é arte ou não. É sobre forma de enxergar as coisas de outras formas.
Tempos atrás, li um texto muito interessante de um professor do MIT, cujo nome não me recordo agora. Mas como a internet requer velocidade e não posso deixar esta janela muito tempo aberta, vou continuar assim mesmo e depois procuro o nome.
De qualquer forma, o professor do MIT considerava que games são arte, mas uma arte performática, mais perto da dança que do cinema, como se costuma associar e comparar.
Se não me engano, esse texto é de 1999. Hoje, com o Wii, a idéia é muito pertinente, já que a forma de realizar os movimentos apresenta muita liberdade.
Mas não é só com o Wii. Desde a época do NES, ouço pessoas comentarem: não gosto de jogar, mas gosto de assistir. Há vários exemplos em que a performance (o ato de jogar) supera gráficos, enredo etc, como os Speed Run (jogar objetivamente, com movimentos precisos e em alta velocidade) e jogar qualquer game com controle vara de pescar, tapete de dança e guitarra.
A maioria dos jogos já tem uma fórmula que dificilmente é original. Subvertê-la é muito divertido, por isso Mortal Kombat fez tanto sucesso em sua época, com seus golpes e personagens secretos, que viraram lugar-comum hoje em dia.
Tudo isso interfere na produção de textos também. Os textos sobre games não podem ficar presos em especificações técnicas e números.
A trinca da sorte gráficos-som-jogabilidade não é mais suficiente para representar um jogo, embora muita gente ainda acredite nela. Felizmente, games não são uma coisa tão exata assim.
Games e Artes… isso é tão complexo quanto Games e Violência Oo’
Quem somos nós? Uma geração que cresceu jogando. Crescemos com Sonic, Mario, Megaman, Alex Kidd e vários outros mascotes. Conhecemos várias “fantasias finais”, nos aterrorizamos com a Umbrella, dançamos bastante com os DDR, soltamos incontáveis “Hadoukens” e muitas, muitas outras influências “gamísticas”. Além disso, conhecemos outros jogadores e fizemos muitas amizades. Escutamos músicas que são trilhas sonoras de fases, chefes, aberturas ou finais.
Mas por quê estou falando disso? Porque aceitar jogos como arte era algo bem mais complicado para a geração de nossos pais. “Videogames queimam a televisão!” – você já deve ter escutado isso. E nossos filhos? Provavelmente vamos jogar (ou já jogamos) com eles! Acho que foi em um texto do Fabão que li sobre isso: a forma como os pais voltam a se reunir com os filhos por causa dos videogames (se não for seu, desculpa ^^’).
Ver um filme ou ler um livro é bom, sem dúvidas. Mas quando o sucesso da história depende DE VOCÊ, as emoções chegam a outro patamar. Você não torce pelo herói, mas evolui para vencer obstáculos. E um bom jogo, uma obra de arte, tornará isso memorável. Você lembrará da música, da trama, dos sentimentos e acontecimentos de uma forma bem mais especial. Games são experiências, são histórias das quais você escolhe fazer parte. E essa subjetividade influencia os textos e é controvérsia em várias análises e críticas.
É, meu caro, dá pra conversar e explorar muito assunto em cima desse tema 🙂
*corre pra terminar texto pro Fabão ;x
Faz pouquíssimo tempo, menos de uma semana, que eu li alguma coisa sobre essa interminável discussão.
Como a minha memória é pior do que a do Minato (e a de qualquer um aqui, eu aposto), eu não lembro nem onde eu li nem quem escreveu, mas eu lembro da idéia do texto.
Ele falava que toda arte evolui naturalmente antes de se tornar, de fato, arte. Exemplificando (de novo) o cinema, foi dito que no início dessa arte, quando o cinema era novidade, as pessoas se perguntavam se aquilo era arte, mas que com o tempo, essa questão (que nunca foi definitivamente respondida, nem pra sim nem pra não) foi ficando para trás e sendo substituída por outra, muito mais pertinente e que ainda é feita hoje em dia: “O que é artístico nesse filme?”
Quando os jogos e a mentalidade das pessoas evoluit um pouquinho mais, vai chegar o dia em que a questão “games são arte?” vai perder o sentido e nós vamos começar a nos perguntarmos “o que há de artístico NESTE jogo?”.
E aí já era.
“(…)nos perguntar”. Shit.
É um tema que por mais simples que pareça ser, pode render muitas discussões e teses de faculdade.
É uma arte porque proporciona essa liberdade que você disse Henrique, assim como o cinema, os games dão lazer e diversão. O que uma arte precisa ter para “ser” uma arte? Oras acho então que a resposta é óbvia, mas a comprovação dos fatores, quase sempre controversos, acaba gerando uma loonga discussão.
Acho que escrever sobre games nunca foi falar de fatores unicamente técnicos, acontece que essa foi a evolução natural das coisas. A mesma situação aconteceu com os próprios jogos em geral, que até então, só eram “nova geração” quando tinham gráficos 20x melhores que os anteriores (não que isso ainda não exista, mas já é possível encontrar sensíveis modificações)
No geral, parabéns pelo post, assunto muito bacana mesmo!
Abraços!
Em uma edição da Ação Games, os caras imaginaram como seriam o universo dos games no futuro. No que se refere a avaliações, disseram que perderíamos todos os critérios. Já paramos de falar de bits. Conveniência ou não, a Nintendo não fala mais de especificações.
Uma parte do público de games faz questão de saber números. Quer saber quantos GHz, quantos GB, quantos processadores, qual a nota. Alguns até brigam por isso.
Por isso que acho que jogar videogame é uma experiência individual que as pessoas pensam ser coletiva.
o No Mínimo do Ibest teve uma coluna sobre isso semana passada.
GUS
É uma discussão grande na indústria de games, mas eu estou do lado dos que dizem que não é arte, mas é porque definir arte é um porre, meu ponto de vista é que a gente não tem que se preocupar se um game é arte ou não, por mais que muitos games atuais tenham muito do que pode se chamar de arte, prefiro chamá-los de games e apreciar o que eles têm para oferecer, seja arte ou não.
GUS
A quem interessar, dei meus 50 cents sobre o assunto no Gamer Lifestyle há algum tempo:
Eu penso que não só os games deveríam ser vistos como obras de arte, mas também os próprios textos jornalísticos. Quaisquer formas de expressão, eu acredito que devam ser consideradas obras de arte. Desde um copo de plástico todo cortadinho até um desenho feito por uma criança de 2 anos de idade, tudo é arte. Se um game é bem feito, é obra de arte. Space Invaders por exemplo: um game graficamente tosco (até mesmo pra época), porém viciante ao ponto de não querer largar mais enquanto não chegar em níveis de extrema dificuldade. Dok Dok Panic é outro da mesma linha. São os meios com os quais a arte nos games se mostram evidente. Quando se fala em obra de arte, logo as pessoas se veem (estou sem acentos no teclado, sorry) no MASP “lendo” os quadros. Já para os músicos de plantão, Fantomas é uma puta obra de arte. Para os jornalistas de plantão, os textos da “Veja” são obras de arte surrealistas (fontes não identificadas…AUhauaHaUhaUhauaH). Tudo tem seu modo de ver, seu modo de ser. Eu acredito nisto. E cá entre nós, os textos do Trivas, em especial, são as obras de arte mais fodas do jornalismo de games de todos os tempos…ah, é a minha opinião, cada um cada um né, fazer o que rsrs
“Eu penso que não só os games deveríam ser vistos como obras de arte, mas também os próprios textos jornalísticos.”
Eu acho MAIS OU MENOS isso. Mas não exatamente. Qualquer dia escrevo sobre isso.
*correndo com o detonado do FFVI Advance*
RÁ, Bracht deixou vazar qual jogo tá detonando.
*correndo pro armário das tranqueiras, tirar o pó do SNES*